sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Falstaff, Theatro São Pedro, São Paulo

FALSTAFF NA MEDIDA CERTA NO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Cena da Falstaff, foto Internet.

Comemorando os 200 anos do nascimento de Giuseppe Verdi o Theatro São Pedro apresenta sua última ópera composta. Falstaff é a ópera cômica por excelência, todas as características do gênero se encontram presentes e agraciados com música de excelente gosto: Troca de identidades, o gordinho fanfarrão, as comadres fofoqueiras e diversos interesseiros perambulam pela ópera toda hora.

Dia de estreia de ópera tem cantores e muitas celebridades do mundo lírico na plateia. Coisas estranhas sempre acontecem, ninguém da Revista Concerto apareceu, no Theatro Municipal de São Paulo eles sempre estão presentes e na Sala São Paulo nem se fala. Por que será?

Vamos à ópera que é o que interessa. Transposição de período com respeito ao libreto não faz mal a ninguém, a direção cênica de Stefano Vizioli faz isso muito bem. Consegue com criatividade dar velocidade ao libreto e torna interessante as cenas. Não inventa nenhuma moda, o diretor não é adepto as novidades amalucadas disponíveis no mercado e com isso consegue fazer um bom Falstaff. Os cenários de Nicolás Boni se mostram simples e funcionais, acompanham a dinâmica do texto e se adéquam ao período. A luz de Wagner Freire e os figurinos de Elena Toscano seguem pelo mesmo caminho.

A Orquestra do Theatro São Pedro regida por Emiliano Patarra apresentou sonoridade que oscilou, soou alta e volumosa em excesso em diversas passagens. Regência que mostra elementos típicos da música verdiana e acompanha os solistas e demais cantores de forma precisa.


Cena da Falstaff, foto Internet.

O quarteto feminino ficou devendo e muito. Chiara Santoro não se entendeu vocalmente com a personagem Nanetta, pareceu nervosa e sua voz se mostrou sem brilho. Atuação cênica boa, cantora de ópera não é só isso. A Meg Page de Mere Oliveira peca nos graves. A Mrs. Quickly de Alessia Sparacio e a Alice Ford de Tati Helene estiveram melhores.

Quem roubou a cena foi Rodrigo Esteves, seu Ford foi portentoso com belos graves e uma voz penetrante. Grande cantor e um excelente ator. Sir John Falstaff foi interpretado por Jason Budd, o gringo mostrou boa atuação cênica e vocalmente não passou do convencional. Voz de barítono que segue a tendência atual para a preponderância dos agudos. Detentor de boa técnica consegue fazer um bom Falstaff e nada mais que isso.


Bardolfo de Giovanni Tristacci e o Pistola de Gustavo Lassen mostraram grande comicidade e um bom entrosamento entre ambos. O tenor Tristacci esbanjou e agudos claros e leves. Gustavo Lassen é aluno da Academia de Ópera do Theatro São Pedro e mostrou que o belo projeto começa a dar frutos. Mostrou desenvoltura no palco, parecia estar em casa. Vocalmente apresentou bons graves encorpados, com o tempo o rapaz pode se tornar um grande baixo.

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