segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

“As Bodas de Figaro” – FCG – 01 de Fevereiro – Crítica de Francisco Casegas



(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Marriage_of_Figaro - foto de TheLoneRanger)

No passado dia 1 de Fevereiro tive a oportunidade de assistir a uma récita de excelente nível de umas das obras primas de Mozart,As Bodas de Figaro”.
  
A direcção cénica esteve a cargo de Claudio Desderi . Os cenários são muito simples, consistindo apenas de um par de cadeirões e uma mesa de maquilhagem, mudando no quarto acto para um par de árvores e um interessante jogo de luzes para simular o exterior da casa dos condes durante a noite.  

Para uma ópera semi-encenada achei que foi suficiente embora sentindo que uma ópera sem ser encenada integralmente perde sempre algum brilho.




A direcção da Orquestra Gulbenkian esteve a cargo do maestro Paul McCreesh. A Orquestra esteve a bom nível, mas teve alguns desencontros com os solistas visto que a orquestra se situava atrás da acção propriamente dita, levando a que o maestro estivesse sempre de costas para os solistas, facto que adicionou alguma dificuldade à sua tarefa.
O coro Gulbenkian esteve sempre imaculado nas suas intervenções.

 Os solistas a nível geral estiveram a um nível altíssimo. Gostaria de destacar em especial a excelente expressividade de todos os solistas em palco, tornando esta récita extremamente agradável.

O baixo Matthew Rose foi um Fígaro excelente. Sempre muito expressivo e dotado de uma projecção vocal de uma intensidade fora do vulgar. O seu semblante sempre engraçado, aliado à sua imponência física trouxeram à sua actuação um grande brilho.

O soprano Malin Christensson foi na minha opinião uma Susanna pequenina. O seu timbre doce e afinado quase nunca ultrapassou as suas limitações ao nível da projecção vocal tornando-se quase inaudível em certos momentos.

O barítono Joshua Hopkins foi um conde Almaviva excelente. Tem um timbre muito bonito e uma técnica vocal muito apurada. A sua excelente expressividade também o ajudou a brilhar ainda mais.

O soprano Susanna Phillips foi um condessa de muito bom nível. Creio que lhe faltou alguma delicadeza na ária “Porgi, Amor” mas depois compensou na ária “Dove sono” que foi de excelente nível.

O meio soprano  Renata Pokupic foi um excelente Cherubino. Foi sempre muito afinada e expressiva e penso que encaixa muito bem neste papel. Ofereceu-nos um “Voi que sapete” de elevado nível.


Quanto aos portugueses, que estiveram muito bem nos papéis secundários, gostaria de destacar a elevadíssima expressividade do Tenor João Rodrigues (Don Basílio), a excelente interpretação na ária “La vendetta” de Luís Rodrigues (Doctor Bartolo) que já nos tem habituado às suas interpretações de muito bom nível nos palcos nacionais e às excelentes interpretações de Cátia Moreso (Marcellina) e Bárbara Barradas (Barbarina) durante toda a récita mostrando excelente afinação e projecção vocal.





Francisco Casegas

2 comentários:

  1. Com grande pena minha, não tive oportunidade de assistir. Obrigado pelo texto, Francisco Casegas.

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  2. Não tem nada que agradecer José! É sempre um prazer partilhar as minhas experiências musicais. Cumprimentos!

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