quarta-feira, 5 de julho de 2017

DER FLIEGENDE HOLLÄNDER / O Navio Fantasma, METropolitan Opera, New York, Abril / April 2017



 (Review in English below)

A segunda opera de Wagner que a Metropolitan Opera House de Nova Iorque apresentou na presente temporada foi Der Fliegende Holländer.


A encenação de August Everding é magnífica. Abordagem clássica, o primeiro acto começa no convés do barco de Daland. Quando o timoneiro adormece, surge no meio da neblina a enorme proa do navio fantasma, donde o holandês desce numa escada. No segundo acto Mary supervisiona o trabalho das mulheres, incluindo o de Senta, filha de Daland que está impressionada com um retrato de um homem vestido de negro – o holandês. Erik vê o seu amor rejeitado por Senta que seguirá o holandês. Quando está sozinha este surge completamente vestido de negro, noutro efeito cénico estupendo. O terceiro acto passa-se no porto, sob neve e nevoeiro. O coro e movimentação dos marinheiros são magníficos. Quando Erik aborda a Senta, o holandês observa de cima e decide partir, subindo para o navio fantasma. Mais um momento visualmente impressionante. Sem dúvida uma das melhores encenações da ópera que alguma vez vi e acho que Wagner gostaria que assim fosse.

A direcção musical de Yannick Nézet-Séguin foi sublime em som e drama wagnerianos! Logo na abertura se percebeu que iríamos assistir a um espectáculo de excepção, e assim foi! O Coro e a Orquestra também a um nível estratosférico. James Levine fica muito bem substituído.



Daland foi superiormente interpretado pelo baixo Franz-Josef Selig, como aliás sempre aconteceu quando o vi. É daqueles cantores que não falha e, mais uma vez, assim aconteceu.



O barítono Michael Volle fez um Holandês perfeito. Falta-lhe no registo mais grave aquele tom cavernoso que sempre fica bem neste papel, mas o cantor compensa com uma interpretação notável em tudo. A voz é magnífica, potente, timbre belíssimo e técnica insuperável. Há partem que que quase fala, o que dá um tom mais sombrio à interpretação. Em palco é insuperável, uma figura sempre assustadora, muito ajudado pela encenação. O primeiro encontro com a Senta é paradigmático.



Verdadeiramente sensacional foi a soprano Amber Wagner como Senta. Uma interpretação brutal, ao nível dos grandes sopranos dramáticos wagnerianos. Uma cantora a seguir. Voz poderosíssima, sempre bem sobre a orquestra e de grande emotividade dramática. Melhor seria impossível. Fantástica! Diria que o apelido diz tudo.




A Mary da mezzo Dolora Zajick foi outra interpretação de grande nível, apesar de curta para uma cantora com os créditos de Zajick.



Duas agradáveis surpresas foram os jovens tenores norte americanos Ben Bliss como timoneiro e Aj Glueckert como Erik. Ambos muito bons, vozes frescas e límpidas, e interpretações cénicas dinâmicas e convincentes.



Um dos melhores espectáculos de ópera que vi na presente temporada.






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DER FLIEGENDE HOLLÄNDER, METropolitan Opera, New York, April 2017

The second Wagner opera that the Metropolitan Opera House of New York presented this season was Der Fliegende Holländer.

August Everding's staging is magnificent. Classical approach, the first act begins on the deck of Daland's boat. When the helmsman falls asleep, the huge prow of the ghost ship rises in the haze, where the Dutchman descends on a ladder. In the second act Mary oversees the work of the women, including that of Senta, daughter of Daland who is impressed by a portrait of a man dressed in black - the Dutchman. Erik sees his love rejected by Senta who will follow the Dutchman. When she is alone he appears completely dressed in black, in another top scenic effect. The third act takes place in the harbor, under snow and fog. The choir and sailors movements are magnificent. When Erik approaches Senta, the Dutchman watches from above and decides to leave, climbing to the ghost ship. Another moment visually impressive. Undoubtedly one of the best performances of this opera I have ever seen and I think this way was as Wagner would like it to be.

Musical direction of Yannick Nézet-Séguin was sublime in wagnerian sound and drama! At the opening we realized that we were going to see an exceptional performance, and it was! The Choir and Orchestra were also on a stratospheric level. James Levine will be very well replaced.

Daland was superiorly interpreted by bass Franz-Josef Selig, as always happened when I saw this singer. He is one of those singers that does not fail and, once again, it was so.

Baritone Michael Volle was a perfect Dutchman. He lacks in the lower record that cavernous tone that always isounds well in this role, but the singer compensated with a remarkable interpretation. The voice is magnificent, powerful, beautiful timbre and unsurpassed technique. There are parts where he almost speaked, which gave a darker tone to the interpretation. On stage he was unsurpassed, an always scary figure, greatly aided by staging. The first meeting with Senta was paradigmatic.

Truly sensational was soprano Amber Wagner as Senta. A sublime interpretation, at the top level of the great Wagnerian dramatic sopranos. She is a singer to follow. Powerful voice, always over the orchestra and great dramatic emotion. Better would be impossible. Fantastic! I'd say the name says it all.

Mary of mezzo Dolora Zajick was another high-level interpretation, though short for a singer with Zajick's credits.

Two pleasant surprises were the young North American tenors Ben Bliss as helmsman and Aj Glueckert as Erik. Both were very good, fresh and clean voices, and dynamic and convincing stage interpretations.

One of the best operas I've seen this season.


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